Minhas poucas lembranças da infância tenho a sensação de ter inventado, flashs escuros, lembro mais de pai do que de mãe, lembro da casa, do bar, lembro de alguns rostos. São pesadelos. Muita coisa incompreensível, disse pra psicóloga do posto de saúde que não lembrava de nada concreto, não menti. Brincava sozinho, tinha uma caixa de brinquedos e ficava contando histórias pra eles, construir castelos de massinha e fazer corridas com os carrinhos, o corredor de casa era a pista, brincava de tarde, de noite. Lembro do silêncio e do eco das discussões, as brigas mais fortes de noite. Não lembro de ter apanhado. Só alguns tapinhas na bunda, os chamados sustos. Escuto vozes muito agudas e durante muito tempo tive fobia de lugares barulhentos.
Meu vô me bateu quando eu era maior, já adolescente. Na infância nenhum tapinha. Mãe era mais de dar castigos e pai não me lembro. Só lembro de uma bronca, foi por alguma postura no bar, assistindo um jogo da seleção brasileira. Ele morria de medo de ter filho viado. Insistiu pra eu gostar de futebol, comprou bola, camisa da seleção, levava pro bar no dia dos jogos, eu não gostava, quando passei a gostar de carros ele se aliviou, mas nunca chegou a trocar uma palavra sobre isso. Ele gostava de carro, futebol e tinha um emprego. Seu olhar dizia tudo. A mão desmunhecada era repreendida e só ganhei dele bolas e chuteiras.
Nunca entendi como ele não foi preso. Não sei se tinha essa lei da pensão, só sei que com tantos filhos, de mulheres diferentes, não pagar pensão é arriscado, ou ele tinha alguma coisa que nunca notei, algum charme com as mulheres, eu rezei muito pra minha mãe colocar o pai de meu irmão William na justiça, o meu não lembro, não sabia dessa lei.
Marcelo da Silva Antunes nasceu em São Paulo, no dia 13 de junho de 1992, dia de Santo Antônio e de Exu. É Autor de VIVAVACA -2017, SP: Sem Patuá (editora Patuá) - 2018, Outros Cortes (Selo Borboleta Azul) -2019, Manifesto da hora que o couro come (Selo Borboleta Azul) -2020, e do livreto Velho, Velho Testamento - 2019. Editor do selo literário Borboleta Azul e da Revista Agagê80 (Brasil/Portugal) agitador cultural e oficineiro de escrita criativa.
Esse folhetim é um oferecimento Borboleta Azul, reavivando um formato muito popular no Brasil e no mundo. Ele tem como objetivo semear a leitura e despertar leitores, grandes nomes da literatura já escreveram folhetins como; Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar entre outros, o texto era publicado em jornais.
Quem gostou da novela, pedimos que divulguem, espalhem por aí e se tiverem interesse em apoiar o trabalho do artista, fazer uma transferência bancaria, (como uma forma de comprar o folhetim) com qualquer valor (todo valor será repassado integralmente ao artista). As pessoas que colaborarem terão seu nome nos agradecimentos de cada capítulo (opcional. Se quiser seu nome, mandar e-mail pro [email protected] com seu nome), até o final da novela como uma singela homenagem.
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