São Paulo XX de XX de 19XX
Luciana,
Não quero casar na igreja, não tenho religião, você fica pressionando, eu não tô nem aí se a gente não casar e se seus pais não vão aceitar.
Por favor, pare de ser tonta. Seus pais não gostam de mim. Deve ser porque eu uso camisetas de banda de rock, eles acham do capeta. Deve ser também porque não tenho um emprego decente, balconista talvez seja ofensivo pra eles. Pare de me torrar com essa coisa de igreja.
A gente vai ao cartório, casa e depois faz um churrasquinho em casa. Pronto. Eu, você, seus pais e seus amigos.
Meus pais não precisam ficar sabendo.
Luciana se casou de novo na igreja evangélica. Comigo foi na igreja católica, dia horrível.
O padre observava as pessoas dormindo na primeira fila e não parava com suas baboseiras bíblicas aumentando a voz. Invejei as pessoas sentadas nos bancos. Eu não tenho paciência. Só casei por fraqueza.
Não sei como me casei ao rigor da igreja católica, nem batizado fui, pra casar tem que ser batizado – o padre disse. Nem me lembro qual foi o jeito, não chamei ninguém. Luciana convidou Deus e o mundo. Minha mãe apareceu na festa com meu irmão. Meu Pai só vi um ano depois, no velório da tia Maria, perguntou se eu não iria casar com Luciana. Não respondi. Fumamos um cigarro juntos.
No dia do casamento, um bêbado cantava todas as músicas da igreja e soltava uns sonoros “sai capeta” no final. Abraçou e beijou todas as pessoas engomadas com seus cheiros de flores e chicletes falsificados. Ele estava natural, com odor de ser humano. Era força da natureza. Ele abraçou os pais da Luciana, fizeram uma cara de nojo. O mendigo que deveria ter sentido nojo daquela gente.
Marcelo da Silva Antunes nasceu em São Paulo, no dia 13 de junho de 1992, dia de Santo Antônio e de Exu. É Autor de VIVAVACA -2017, SP: Sem Patuá (editora Patuá) - 2018, Outros Cortes (Selo Borboleta Azul) -2019, Manifesto da hora que o couro come (Selo Borboleta Azul) -2020, e do livreto Velho, Velho Testamento - 2019. Editor do selo literário Borboleta Azul e da Revista Agagê80 (Brasil/Portugal) agitador cultural e oficineiro de escrita criativa.
Esse folhetim é um oferecimento Borboleta Azul, reavivando um formato muito popular no Brasil e no mundo. Ele tem como objetivo semear a leitura e despertar leitores, grandes nomes da literatura já escreveram folhetins como; Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar entre outros, o texto era publicado em jornais.
Quem gostou da novela, pedimos que divulguem, espalhem por aí e se tiverem interesse em apoiar o trabalho do artista, fazer uma transferência bancaria, (como uma forma de comprar o folhetim) com qualquer valor (todo valor será repassado integralmente ao artista). As pessoas que colaborarem terão seu nome nos agradecimentos de cada capítulo (opcional. Se quiser seu nome, mandar e-mail pro [email protected] com seu nome), até o final da novela como uma singela homenagem.
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