São Paulo XX de XX de 19XX
Mãe,
Estou escrevendo cartas e mandando.
Quem diria, eu que tenho preguiça de pegar nos livros, como a senhora mesmo diz. Nunca li seus poemas, e suas cartas nunca respondo.
Nossa convivência é meio difícil, eu sei, somos muito diferentes. Você quer ter sempre razão. Eu me viro do meu jeito. Morar com você é difícil, aqui na casa do seu pai tá pior. Talvez eu seja o problema, você mesmo já disse.
Leia essa carta com carinho, seu filho saber ler e escrever. Era isso que queria né?
Luciana tá estudando, fazendo cursinho e vive nas minhas custas e da mesada do pai dela.
Mãe, você pode me emprestar uma grana? Estou duro.
Ela não recebeu essa carta, mas mandou uma grana. Sempre mandou. Nunca paguei. Coitada de minha mãe, no fundo sempre fomos parecidos, tinha essa coisa de sofrer pelos outros, achar que tudo daria errado. Dramática demais.
Perder uma mãe por suicídio é foda em qualquer situação, perder essa mãe logo quando a gente estava começando a se entender foi um golpe. Um tranco mais forte do que o nó da corda do seu pescoço.
Morrer de forma brutal deveria ser proibido para mães. Enforcamento é morte pra político safado, estuprador, pai que mata filho e traidor.
Nunca imaginei as profundezas dos problemas dela, reclusa, usou as cartas pra expressar muitas coisas, sempre fui péssimo leitor. Respondi algumas, mandei outras, sei tanto quanto as cartas, sobre ela.
Suicídio requer muita coragem.
Nunca disse que a amava, mas ela também nunca me disse, então ficamos empatados.
Ela teve a chance de abrir as cartas que não enviei. Ficamos no mesmo quarto. Por que nunca abriu? Será que teve medo de ouvir seu filho? Encontraria cartas sinceras de um filho que nunca soube dizer com palavras o que sentia. Ainda não sei. Ela era especialista em cartas. Lia livros de cartas, escrevia pra Deus e o Diabo, trocava cartas com gente desconhecida e professores. Como pôde escrever tanto?
Foi sem me explicar nada, podia ter deixado uma maldita carta. Morreu fugindo, igual viveu.
Do que ela tanto fugia?
Marcelo da Silva Antunes nasceu em São Paulo, no dia 13 de junho de 1992, dia de Santo Antônio e de Exu. É Autor de VIVAVACA -2017, SP: Sem Patuá (editora Patuá) - 2018, Outros Cortes (Selo Borboleta Azul) -2019, Manifesto da hora que o couro come (Selo Borboleta Azul) -2020, e do livreto Velho, Velho Testamento - 2019. Editor do selo literário Borboleta Azul e da Revista Agagê80 (Brasil/Portugal) agitador cultural e oficineiro de escrita criativa.
Esse folhetim é um oferecimento Borboleta Azul, reavivando um formato muito popular no Brasil e no mundo. Ele tem como objetivo semear a leitura e despertar leitores, grandes nomes da literatura já escreveram folhetins como; Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar entre outros, o texto era publicado em jornais.
Quem gostou da novela, pedimos que divulguem, espalhem por aí e se tiverem interesse em apoiar o trabalho do artista, fazer uma transferência bancaria, (como uma forma de comprar o folhetim) com qualquer valor (todo valor será repassado integralmente ao artista). As pessoas que colaborarem terão seu nome nos agradecimentos de cada capítulo (opcional. Se quiser seu nome, mandar e-mail pro [email protected] com seu nome), até o final da novela como uma singela homenagem.
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