São Paulo xx de xx de 19xx
Pai,
Pessoal do bar tá organizando um campeonato de sinuca, pediu pra chamar você, eu disse que você não pode, é muito ocupado, mas eles insistiram.
A Luciana, minha namorada, queria te conhecer. Vó falou pra gente ir na sua casa, mas eu não quero incomodar, tô trabalhando muito no mercado, sábado, domingo e feriado, mas logo eu caso e posso ficar mais tranquilo.
Pai, vai ser daqui 15 dias, um dia antes do natal, se vier, traz teus filhos, eles vão gostar de conhecer o bar da Terezinha.
Abraço.
O bar da Terezinha tinha campeonato de tudo. Quem bebe mais, eu já ganhei. Bebi com um mineiro e ganhei. Nessa época bebia tanto que quando estava bêbedo ou sóbrio ninguém sabia, pra aguentar o começo do casamento foi muita cachaça.
Seu Ivan deve ter ficado bêbado em outro lugar. Esses irmãos eu nunca conheci, melhor assim. Eles gostariam de ter conhecido aquele lugar. Terezinha construiu seu armazém quando veio de Portugal, nos anos 20, ou 30, não sei ao certo. Comprei farinha, arroz e ovos ali. Único que resistiu às crises do bairro, ficou resistente e um ponto de encontro dos trabalhadores, era sagrado voltar do trabalho e sentar pra tomar uma no bar da Terezinha. Mulher forte, perdeu o marido em Portugal, ainda jovem, veio pra ficar na casa de um tio e construiu um bar que perdurou muitos anos. O local ainda existe. Mas sem Terezinha, e com um buteco fedido que toca forró nas quartas-feiras.
Bar e igrejas, são o que mais tem por aqui, deve ser pela necessidade das pessoas, nunca fui fã de igreja, do bar aprendi a gostar. Hoje prefiro beber em casa, os espaços não tem mais essa coisa de antes, juntar o pessoal pra falar sobre as coisas do bairro, encontrar os amigos e fazer festas, seu Ivan já comemorou aniversário no bar, usou o salão e comprou bebida pra turma dele. Eu não fui convidado pra essa festa.
Agradecimento especial para Cax Nofre e Aline Macedo que colaboraram com esse folhetim até aqui. Muito obrigado.
Esse folhetim é um oferecimento Borboleta Azul, reavivando um formato muito popular no Brasil e no mundo. Ele tem como objetivo semear a leitura e despertar leitores, grandes nomes da literatura já escreveram folhetins como; Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar entre outros, o texto era publicado em jornais.
Quem gostou da novela, pedimos que divulguem, espalhem por aí e se tiverem interesse em apoiar o trabalho do artista, fazer uma transferência bancaria, (como uma forma de comprar o folhetim) com qualquer valor (todo valor será repassado integralmente ao artista). As pessoas que colaborarem terão seu nome nos agradecimentos de cada capítulo (opcional. Se quiser seu nome, mandar e-mail pro [email protected] com seu nome), até o final da novela como uma singela homenagem.
Nossas sugestões são de 10 reais se você leu alguns poucos capítulos, 20 se você leu uma boa parte e pretende ler tudo, e 40 se você gostou muito desse projeto e quer que ele tenha vida longa.
Dados do artista: Marcelo da Silva Antunes
Pix Itaú: 418.723.338-50
Marcelo da Silva Antunes
cpf: 418.723.338-50
Itaú
Ag: 8422
cc: 25233 1
Marcelo da Silva Antunes nasceu em São Paulo, no dia 13 de junho de 1992, dia de Santo Antônio e de Exu. É Autor de VIVAVACA -2017, SP: Sem Patuá (editora Patuá) - 2018, Outros Cortes (Selo Borboleta Azul) -2019, Manifesto da hora que o couro come (Selo Borboleta Azul) -2020, e do livreto Velho, Velho Testamento - 2019. Editor do selo literário Borboleta Azul e da Revista Agagê80 (Brasil/Portugal) agitador cultural e oficineiro de escrita criativa.
Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você declara estar ciente dessas condições.