COLANDO TACOS VELHOS – Capítulo 12 – Casamento até que é bom pra gente que nem eu, é mais prático manter uma relação

São Paulo XX de XX de 19XX

Luciana,       

E-mails são piores que cartas. Esse negócio de computador não é pra mim. Coisa tosca. Prefiro ficar no papel, no computador é tudo longe. Carta fica ali do lado da cama, ou no lixo, onde prefiro as minhas. Ficar acordado de madrugada pra usar internet é coisa de gente que não tem mais o que fazer.

Lembra quantas cartas já trocamos? Você mudou muito, tem celular, bolsa cara, compra sapato e me joga na cara que sou vagabundo, as coisas mudam mesmo. Não ri nem dos bilhetes que deixo na geladeira.

Quero divórcio.

Luciana leu essa carta sem minha autorização. Sorte a minha. Pretendia deixar na bolsa dela e nunca mais voltar. Não tive coragem. Casamento até que é bom pra gente que nem eu, é mais prático manter uma relação. Um casal é convidado pra festas e forma a tão sonhada família tradicional, foda é só a encheção de saco pra ter filho.

Passava por problemático sem problema, era cômodo pra mim. Não ter filho é quase uma doença pra essa gente de família.

Ela pediu o divórcio. Já tinha arranjado advogado, estava tudo certo, era só eu assinar os papéis. Fez todo um discurso Hare Krishna, disse ser evoluída e saiu de casa. Passei a odiar essa piranha mais ainda. Suportei sua presença nessa casa por muito tempo, cada parede daquele lugar tinha o cheiro dela. Nunca foi mulher pra mim, mimada do caralho, era igual a mãe dela, eu não sou o pai dela que aguenta tudo, futilidades e fofocas têm limites e na cama nunca valeu a pena pra mim.   

Luciana tem algum fetiche por religião, já foi de todas, do budismo até a cultura racional. Sempre achei problemática essa atitude dela. Separação horrível, pelo menos pra mim, ela casada, continuava me ligando, dizendo que sou seu karma, coisa do tipo, agora é testemunha de Jeová, acho, não passo nem perto do bairro dela. Ela nunca entendeu a vida como ela é.  Ela assiste muita novela, acredita nessas merdas enlatadas.

Marcelo da Silva Antunes nasceu em São Paulo, no dia 13 de junho de 1992, dia de Santo Antônio e de Exu. É Autor de VIVAVACA -2017, SP: Sem Patuá (editora Patuá) - 2018, Outros Cortes (Selo Borboleta Azul) -2019, Manifesto da hora que o couro come (Selo Borboleta Azul) -2020, e do livreto Velho, Velho Testamento - 2019. Editor do selo literário Borboleta Azul e da Revista Agagê80 (Brasil/Portugal) agitador cultural e oficineiro de escrita criativa.

Esse folhetim é um oferecimento Borboleta Azul, reavivando um formato muito popular no Brasil e no mundo. Ele tem como objetivo semear a leitura e despertar leitores, grandes nomes da literatura já escreveram folhetins como; Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar entre outros, o texto era publicado em jornais.

Quem gostou da novela, pedimos que divulguem, espalhem por aí e se tiverem interesse em apoiar o trabalho do artista, fazer uma transferência bancaria, (como uma forma de comprar o folhetim) com qualquer valor (todo valor será repassado integralmente ao artista). As pessoas que colaborarem terão seu nome nos agradecimentos de cada capítulo (opcional. Se quiser seu nome, mandar e-mail pro [email protected] com seu nome), até o final da novela como uma singela homenagem.

Nossas sugestões são de 10 reais se você leu alguns poucos capítulos, 20 se você leu uma boa parte e pretende ler tudo, e 40 se você gostou muito desse projeto e quer que ele tenha vida longa.

Dados do artista: Marcelo da Silva Antunes
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Marcelo da Silva Antunes
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