Pela primeira vez, autor brasileiro recebe honraria latino-americana do jornalismo
O controverso jornalista paulistano Ronaldo Lages, ícone do movimento que ficou conhecido como “Jornalismo Tiozão” levou um dos mais importantes prêmios da imprensa internacional, o Pica de Las Américas de Jornalismo. O contemplado foi anunciado nesta manhã de segunda-feira (26/01) pelo comitê organizador.
O autor alcançou o prêmio depois de passar um mês para escrever a saga de um fumante inveterado em busca de um maço de cigarros na cordilheira dos Pirineus, experiência que resultou em Trago nos Pirineus (Editora Fictícia). A honraria é concedida anualmente desde 1982 e procura escolher os melhores livros-reportagem publicados por autores latino-americanos, inédito por aqui até então.
A notícia reverberou em meio à crítica especializada dividindo opiniões. Segundo o crítico de arte, ensaísta e professor de semiótica da USP, Aristóteles de Oliveira, a escolha se mostra equivocada.
“Não sei quais são os critérios dessa gente, mas adular alguém como Ronaldo Lages é uma infâmia, como pode um ‘rascunho’ de escritor pulular espaços tão significativos? Ronaldo não passa de um Paulo Coelho da não ficção, um afetado, protointelectual, fraudador, mistificador, mimado, canalha, perdulário, mitomaníaco. Enfim, mais um chorume da indústria cultural!”, declarou Oliveira.
Para a linguista, pesquisadora e colunista da revista Cult, Thalita Bacco Abramovich, a premiação é bem-vinda, uma vez que, segundo ela, a força motriz das narrativas de Ronaldo Lages evidenciam muito mais do que meras reportagens.
“A obra de Ronaldo Lages é um esteio estético, um apanágio universalizante em instâncias diminutas de tensões descritivas que vão da dialética Hegeliana ao imperativismo Kantiano numa clara aura criadora e disruptiva de tendências Benjaminianas. Entendeu? Nem eu, então foda-se”, polemizou Thalita.
Procurado, o premiado não quis conceder entrevista. Evita jornalistas.
Ronaldo Lages nasceu em São Paulo, é formado em jornalismo e atualmente escreve contos. Seu lema é: quanto mais bizarro, melhor. Pretende estrear em um livro próprio em breve.
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