São Paulo, xx de xx de 19xx
Luciana,
A gente precisa mesmo casar, não aguento mais morar com meu vô, ele tá ficando cada vez mais louco, foda é essa crise no país, todo ano é crise, devia ter ficado na escola técnica, era uma oportunidade, mas não aprendi nada de elétrica.
Agora preciso arrumar qualquer coisa, ele vai me por pra fora de casa. Se a gente casar, dá pra dividir as contas, acho que consigo alguma coisa, nem que sejam bicos.
Lu, será que seu pai não sabe de nenhum serviço, aceito qualquer coisa,
Veja se vem aqui em casa mais vezes, meu vô gosta de você, não tem problema.
Arrumei o emprego no mercado do judeu e casei pra fugir de casa.
Morar com mãe é natural, na infância e adolescência não dei trabalho, nunca tivemos muitos conflitos. Quando fui morar na casa do pai de minha mãe é que foi foda, ali o mundo mudou, pra pior, bem pior.
Vim morar nesse quarto pela terceira vez, pra quem gosta de tríades, ciclos, esse tenho certeza que é o último, esse quarto foi de mãe, foi o do fim dela.
Olho essas cartas, esse quarto, estou voltando, estou de volta. Cheio de testemunhas por aqui. Registros e lembranças terríveis.
Mesmo essa casa estando em meu nome, ela não me pertence, continuo de favor nesse lugar. Ainda tenho vontade de sair daqui. Cada vez menor, nunca batalhei por um mundo melhor, não acredito nisso, sair daqui era minha única batalha, fracassei.
Saber que sou o último da minha geração é confortante. Não deixo essa herança maldita pra ninguém. Vou me livrar de tudo.
Agradecimento especial para Cax Nofre e Aline Macedo que colaboraram com esse folhetim até aqui. Muito obrigado.
Esse folhetim é um oferecimento Borboleta Azul, reavivando um formato muito popular no Brasil e no mundo. Ele tem como objetivo semear a leitura e despertar leitores, grandes nomes da literatura já escreveram folhetins como; Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar entre outros, o texto era publicado em jornais.
Quem gostou da novela, pedimos que divulguem, espalhem por aí e se tiverem interesse em apoiar o trabalho do artista, fazer uma transferência bancaria, (como uma forma de comprar o folhetim) com qualquer valor (todo valor será repassado integralmente ao artista). As pessoas que colaborarem terão seu nome nos agradecimentos de cada capítulo (opcional. Se quiser seu nome, mandar e-mail pro [email protected] com seu nome), até o final da novela como uma singela homenagem.
Nossas sugestões são de 10 reais se você leu alguns poucos capítulos, 20 se você leu uma boa parte e pretende ler tudo, e 40 se você gostou muito desse projeto e quer que ele tenha vida longa.
Dados do artista: Marcelo da Silva Antunes
Pix Itaú: 418.723.338-50
Marcelo da Silva Antunes
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Marcelo da Silva Antunes nasceu em São Paulo, no dia 13 de junho de 1992, dia de Santo Antônio e de Exu. É Autor de VIVAVACA -2017, SP: Sem Patuá (editora Patuá) - 2018, Outros Cortes (Selo Borboleta Azul) -2019, Manifesto da hora que o couro come (Selo Borboleta Azul) -2020, e do livreto Velho, Velho Testamento - 2019. Editor do selo literário Borboleta Azul e da Revista Agagê80 (Brasil/Portugal) agitador cultural e oficineiro de escrita criativa.
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