São Paulo xx, de xx de 19xx
Mauricio,
Ontem passei no shopping e não te encontrei, falaram que foi demitido, o que fez pra mandarem o Noel embora?
Consegui pegar um carro na praça, vou ser taxista, isso deve dar pra pagar as contas do começo do casamento. Um dia ainda vou trabalhar de motorista de ônibus e caminhão.
A Luciana vai bem, só essas conversas de ter filho que tá cada vez pior, lembra quando falava que ela cismava no assunto?
Cara, você é o melhor Papai Noel de todos, não podem mandar você embora.
Aliás, tenho certeza que você arruma outro emprego melhor, outro shopping melhor, abraços meu amigo.
O endereço do remetente é minha casa nova, apareça, será bem-vindo.
Seu Mauricio nunca respondeu. Essa foi e voltou. Mandei pro endereço do cadastro dele da firma, lugar que provavelmente ele saiu depois da demissão.
Gostaria de encontrar com ele, dizer sobre as coisas.
Engraçado pegar essa carta. Sinto que vivi ligado a ele. Sou um coadjuvante nessa história. Sempre tive tormentos. Segui com a vida fazendo o que esperavam e o que fui capaz de fazer. Casei. Separei. Tenho profissão, só não tive filhos – ato que decidi sozinho e sustento ainda hoje.
Não fui feliz, também não fui infeliz. Apanhei, nunca desviei ou corri, nunca me preocupei em nadar contracorrente.
Se tivesse entendido seu Mauricio, antes, teria feito diferente? Não sei. As coisas acontecem.
Lendo essa carta penso se Deus existe, se ele existisse, deixaria as coisas do jeito que estão? Eu merecia estar vivendo? Levando essa vida de merda, minha mãe merecia uma morte daquelas?
Deus deve mesmo ser pai, deixou seus filhos abandonados na terra. Paga pensão menor do que pode e nunca visita, a maioria dos seus filhos fica em sua busca uma vida toda, morre com essa dúvida, os que o renegam falam dele o tempo todo, reproduzem seus atos de outro jeito. Não tem como não ser filho de Deus por aqui, pode não ter na certidão de nascimento, mas ele sempre está lá, todo homem é no fundo um filho pródigo tentando voltar pro pai.
Agradecimento especial para Cax Nofre e Aline Macedo que colaboraram com esse folhetim até aqui. Muito obrigado.
Esse folhetim é um oferecimento Borboleta Azul, reavivando um formato muito popular no Brasil e no mundo. Ele tem como objetivo semear a leitura e despertar leitores, grandes nomes da literatura já escreveram folhetins como; Machado de Assis, Lima Barreto, José de Alencar entre outros, o texto era publicado em jornais.
Quem gostou da novela, pedimos que divulguem, espalhem por aí e se tiverem interesse em apoiar o trabalho do artista, fazer uma transferência bancaria, (como uma forma de comprar o folhetim) com qualquer valor (todo valor será repassado integralmente ao artista). As pessoas que colaborarem terão seu nome nos agradecimentos de cada capítulo (opcional. Se quiser seu nome, mandar e-mail pro [email protected] com seu nome), até o final da novela como uma singela homenagem.
Nossas sugestões são de 10 reais se você leu alguns poucos capítulos, 20 se você leu uma boa parte e pretende ler tudo, e 40 se você gostou muito desse projeto e quer que ele tenha vida longa.
Dados do artista: Marcelo da Silva Antunes
Pix Itaú: 418.723.338-50
Marcelo da Silva Antunes
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Marcelo da Silva Antunes nasceu em São Paulo, no dia 13 de junho de 1992, dia de Santo Antônio e de Exu. É Autor de VIVAVACA -2017, SP: Sem Patuá (editora Patuá) - 2018, Outros Cortes (Selo Borboleta Azul) -2019, Manifesto da hora que o couro come (Selo Borboleta Azul) -2020, e do livreto Velho, Velho Testamento - 2019. Editor do selo literário Borboleta Azul e da Revista Agagê80 (Brasil/Portugal) agitador cultural e oficineiro de escrita criativa.
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