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Publicado por borboletaazul on 25 de janeiro de 2022
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Vou te amar as 10h da quarta, amanhã já tenho compromisso – Pedro Guilherme

– Você não acha que é muito cedo pra gente se amar?

– 10 anos é muito tempo.

– A gente se ama a 10 dias.

– Poderiam ser 10 anos.

– Mas são apenas 10 dias, talvez um pouco mais.
– Quanto tempo você demora pra odiar alguém.

– Um estalar de dedos e uma olhada torta.

– Viu, você não precisa de 10 anos pra odiar alguém, é bem rápido.

– Mas pra amar é um tanto diferente, depende de conexão, de sexo, de estabilidade, de indicação, de gatos, cachorros, comida, filmes, séries, beijos, chupadas, lambidas, conta bancária, cama, colchão, remédios pra dormir e outra infinidade de coisas.

– Me parece complexo, pra que tudo isso?

– É bom ter uma segurança pra não dar errado.

– E se a gente ficar tanto tempo procurando essa segurança e esquecer de amar o outro?
– Você vai esquecer que me ama?
– Nunca, estará gravado por 10 anos, mesmo que a gente só se ame por 6 meses.

– Talvez por 6 anos.

– E mesmo assim sempre inseguros, e com medo, e ódio, e dor.

– Amar dói mais do que eu gostaria, realmente poderia ser mais fácil.

– Poderia, mas tem essa segurança na nossa equação, misturado a toda uma insegurança da nossa vivência e com um brinde de personalidades pessimistas.

– Malditos sejam os pessimistas!

– Malditos! Que acordam cheio de ódio, raiva, e vomitam suas reclamações aleatórias, e pisam em seus próprios calos, e reinventam suas dores, e sofrem por toda a ansiedade possível, malditos sejam!

– Acho que você tá descrevendo uma pessoa ansiosa, não um pessimista.

– E não é a mesma coisa? Ambos vivem em função do que pode dar errado.

– Na verdade você é um ansioso pessimista, não sei se é um bom exemplo.

– Acho que é um pleonasmo isso.

– Tudo bem, te amo mesmo assim.

– Eu também te amo, e por que você me ama?

– Eu te amo porque não amo, bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo…

– Não me venhas com poesia! A pergunta foi lógica!

– Sinto muito meu amor, amar é filosofia, não é matemática.

– Achei que fosse biologia, aquela questão da reprodução.

– Se fosse assim, não existiriam casais gays…

– Justo, amor é psicologia então?

– Pode ser também, uma parte do meu cérebro me diz que você é a pessoa da minha vida, mesmo com todo esse mau humor e pessimismo e ansiedade e depressão e solidão e esse ar todo seu.

– Obrigado pela parte que me toca… A pessoa da sua vida… Que vida?
– A que a gente vive aqui e agora, que pode durar 10 dias, mais 10 noites, talvez 10 semanas, talvez 10 meses, talvez 10 anos, talvez 10 décadas…

– Vivemos em função do amor?
– Não, o amor vive em função da gente, porque duas pessoas sem perspectiva precisam se amar pra se sentirem um pouco mais vivas.

– Talvez isso nos dê segurança.

– Talvez sim, talvez não, como eu disse, é pura filosofia, é poesia, é diálogo, é texto, é sexo, é penetração, chupadas, lambidas, gemidos e tudo aquilo que você gosta.

– Gosto da parte sexual desse amor.

– Também gosto, aproveite enquanto dure, uma hora acaba.

– O sexo ou amor?

– As duas coisas, tudo acaba mesmo.

– Pelo visto ambos somos pessimistas…

– Olha pra mim, você espera otimismo de alguém que te ama?

– Espero bastante insanidade, depressão, ansiedade, comorbidades mentais e por aí vai…

– Você espera um espelho, mas vai por mim, eu não sou um espelho, nem seu reflexo e muito menos você.

– Fico feliz por isso, odiaria me amar.

– Nem é tão difícil assim, você poderia se amar mais, mas tudo bem, eu te perdoo por isso.

– Me amar é uma coisa muito difícil, te amar é muito mais fácil.

– Sua cabeça perdida é ótima pra amar, tão complexa, tão pessimista, tão deprimente, acho um amor.

– Você tem gostos estranhos…

– Que bom, se não tivesse, não estaríamos conversando agora.

– Então você me ama?
– Te amo, até que depressão nos separe.

– Até que a morte nos separe.

– Até que a vida nos separe.

– Até que o álcool nos separe.

– Até que os antidepressivos nos separem.

– Até que os textos construam memórias.

– E assim fique eternizado no passado, pra gente esquecer do futuro e lembrar que a gente se ama.

Pedro Guilherme, nascido em 1993, publicitário por formação, designer gráfico por profissão e escritor por paixão.
Apaixonado por cinema, literatura e gatos. 

Fotógrafo, cozinheiro e pugilista nas horas vagas.

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borboletaazul
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