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Publicado por borboletaazul on 18 de novembro de 2020
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  • Literatura
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Casa da Avenida – um conto de Cax Nofre

Cabeção, melhor dar a volta, entrar pela rua de cima, tem polícia na avenida, ou é a Isaurinha tentando se matar de novo ou a brigaiada da Val com aquele marido idiota. Dá a volta. Isso é coisa que não me conformo, a Val tão gata, inteligente, aturando aquele varapau cachaceiro e ainda por cima, ciumento, ele merecia era uma gaiada.

É o amor, maninha: cego, surdo e burro.

Ainda bem que você largou daquela turca maluca, senão eu já seria filha única.

Aprendeu com a mamãe o drama?

Drama não, fato!

Ela só é um pouco desequilibrada.

Desequilibrada é a Isaurinha, que tenta se matar pelada na avenida, aquela lá tá mais pra Glen Close em Atração Fatal, doidinha de pedra.

Hahahaha.

Será que a vovó já está dormindo?

Com esse alvoroço, duvido, deve estar no alpendre de terço na mão.

Não falei?!

Benção, vó!

Deus abençoe, já estava preocupada, vocês demoraram.

Muito caminhão de cana na estrada, vó.

Estão com fome? Preparei polenta que eu sei que o Saulo gosta e sua sobremesa preferida, Marina: pavê.

Oba!

Cadê o tio João?

Está lá convencendo o Maurício a não bater na Isaurinha, ela arrancou a roupa e tentou se matar na avenida outra vez. O motorista do ônibus ficou desesperado, freou quase em cima dela, coitada, doida essa moça.

E a Laine, vó? Tem aparecido por aqui? Saudade dela.

Depois que se casou, a última vez que vi foi na Páscoa, o menino dela é uma graça, deve estar pra completar um aninho, mas a Dona Alzira disse que o casamento tá capengando, brigam demais.

Casar cedo com namorado de infância é coquetel bom pra dar errado.

Tadinha da Laine.

Mas, olha que a Dona Alzira fala tanta besteira, que nem sei viu. Noutro dia mesmo, à tardinha, eu estava na varanda e ela atravessou a avenida feito uma desesperada pra me dizer que tomasse cuidado porque era lua cheia.

“Dona Mariana, fecha cedo a casa que hoje o lobinsome pode aparecê”

“Eu não acredito nessas coisas, dona Alzira”

“Eu tumém num creditava, até dar de cara com o peludo no quintal, parecia um cachorro gigante uivando pra lua cheia, mas andava de pé, feito homi. Eu vi com esse zóio que a terra há de cumê!”

Todo mundo sabe que Dona Alzira é medrosa, devem ter pregado uma peça nela.

Pode ser, mas ela está assustada e desabafa comigo, acho que tá é preocupada com a Rosária.

Preocupada por que, vó? A Rosária não conseguiu bolsa e está estudando em Rio Preto?

Pois é, parece que se perdeu e nem de homem gosta mais, está namorando uma mulher, dona Alzira abilolou, coitada. Eu já expliquei pra ela que essas doenças, feito do seu primo Lucas, só indo ao psicólogo, é doença.

Vó, ser gay não é doença, para com isso.

Não sei, eu acho que se corrigisse de pequeno… Mas a Lilian até achava bonito o menino botar vestido. Onde já se viu? Já, a Rosária, moça bonita, até namorou o filho do Gerson, agora vem com essas modinhas de namorar mulher. O mundo tá perdido. Mas vamos comer que vocês devem estar cansados.

Estamos mesmo, vó! Morrendo de saudade da sua comida.

E a Marisa, Júlio?

Terminamos, vó, muito ciumenta, querendo casar já, não deu certo.

Isso mesmo, você é muito novo, filho. E você, Marina, também terminou com aquele seu namorado moreno?

Vó, o Tiago não é moreno, é negro. Já estamos juntos há três anos, achei que a senhora soubesse o nome dele, pretendemos morar juntos no ano que vem.

Olha que coisa boa, meus sobrinhos queridos! Saudade desses carniças, deem cá um abraço no vosso velho tio.

Até parece! Esse tio galã, que saudade. Conseguiu apaziguar os ânimos?

Por hora, parece que sim, Isaurinha está viva e vestida, a polícia foi embora e o Maurício dormiu cachaçado, acho que tudo certo até a próxima lua cheia ou a até a próxima briga. Agora eu quero é um pedaço desse pavê.

Humm… tá bom demais, tio.

Cax Nofre Paulista bebedourense, nascida Cláudia Renata no natal de 1974, escrivinhadora por felicidade. Organiza o Sarau Embaixo da Terra na cidade de São Paulo, onde mora

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